- Tenho aqui uma dor, por entre as costelas e o pulmão, doutor.
- Identifico ansiedade, caro. E mal ruim.
- Devo tomar algo?, perguntou a paciente.
O médico, pronto, exclamou:
- Tempo. Isso que tem, passa com tempo. Mais novo e achei que se comprava. Enganei-me. Obstinei-me à procura de respostas, não as encontrei. Tentei automedicar-me através das hetero-drogas que fui achando. Sofri mais. O conselho que tenho para lhe dar é que saiba esperar. Eu não morri e quando dei por mim já tinha esperado tudo o que havia para esperar. A novidade é: hei-de esperar a vida inteira. É isso o tempo: uma ansiedade por algo que realmente não existe. O enésimo antes deste é passado, por isso de que adianta correr atrás do presente, ou do futuro, ou do tempo? É preciso saber aceitar. Aceitar e acreditar. Nas pessoas, no tempo, no que não existe. E isso é o mais complexo, especialmente quando queremos o que em nada depende de nós. Agora durma, meu caro. O tempo passa a correr e nem boa noite ao futuro consegue dizer.
Luís Gonçalves Ferreira
Escrito originalmente em 28 de Maio de 2013, na minha página do Facebook.
Escrito originalmente em 28 de Maio de 2013, na minha página do Facebook.
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