Há pessoas que disfarçam dor com sorrisos. Não é um sorrir como uma gargalhada de alegria, nem de perto, nem de longe, nem de dentro. É um sorriso genuíno, de quem acha mesmo piada, mas ao mesmo tempo tímido, sofrido, preocupado e aflito. De quem se pode dar a sorrir, mas com um botão lá dentro que corta o circuito nervoso que activa o processo. Uma espécie de um bloqueio de dor. Anestesia do pensamento que, entre gargalhadas e vontades puras de rir, foge. E vem a tristeza, e inunda, como um barco que se afunda nas lágrimas mil em que, aposto, todas as noites, sozinha, te afogas. Especialmente quando ninguém olha.
Há momentos em que nos obrigamos a sorrir sem nos apetecer. Ou até apetece, mas dói. E há coisas que doem notoriamente quando ninguém vê. É no escuro que somos frágeis. - Quando o sorriso se apaga, és frágil. E isso amaciou-me enquanto me emocionava por dentro, e te olhava. Espero que não me tenhas visto, porque o objectivo era apenas ver-te sorrir.
Luís Gonçalves Ferreira
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