Avançar para o conteúdo principal

Um puto

Tens uns olhinhos bonitos, redondinhos e uma pele morena, cheia de trópicos e personalidade. És um matreiro, e gritas, num "disfarce-sorriso": tirem-me daqui. É um sofrimento pequenino como o teu corpo: uma mágoa aqui e outra acolá e uma rebeldia teimosa que te esconde o medo original. És como um projecto imperfeito, mas daqueles para os quais olhas e pensas "outras bases fazer-te-iam obra-prima". 

Desejo-te um futuro bonito, muito longe da hipocrisia, do sofrimento e da traição que te rodeiam. Espero que sejas diferente e saibas sê-lo, dignificando-te assim. E que um dia, lá longe, saibas amar livremente, sem tentares acorrentar quem te sangra a alma e faz bem. O amor é uma liberdade, espero que aprendas. E que um grande amor te ensine contentares com o medíocre, nos sentimentos e na vida. Espero que não mintas por imagens, pois essa é a forma mais simples de nos enganarmos prolongadamente no tempo. Não faças fugas em frente. 

Suja-te muito. Faz asneiras e aprende a desmontar o açaime do teu sorriso. 
É o amor que nos aperfeiçoa. 

Luís Gonçalves Ferreira

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Pensar mais do que sentir

Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

Por momentos  - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me acha...