Até o amor vem em conta gotas. A dada altura, no meio do cansaço, pedimos sentimentos médios. "Um amor médio, por favor". Sentir de mais atrapalha a visão, turva o coração e dificulta a estratégia de planear uma vida. Ainda mais agora, que ninguém tem emprego certo. Vem um vento e as nossas pernas tremem - as casas voltaram a ser feitas de palha, como nos três porquinhos. Somos a geração dos 50%: um meio amor, um meio carro, uma meia casa, um meio funcionário, um meio patrão, uma meia renda, um meio preço da carne. Ao pequeno-almoço: meia de leite e meia torrada sem manteiga, porque não podemos engordar. Temos que ter um meio corpo, um meio físico, um meio projecto de perfeição tatuada na carne. O nosso mundo perdeu graça. Somos uma seca. O planisfério do conhecimento, da filosofia, dos conceito decorados das cartilhas... É como um jogo da macaca para adultos: ganha quem sair menos vezes da zona de conforto. Deixamos de viver a intensidade das coisas, e o sabor perfeito que ...