O amor há-de sempre de me emocionar. O de uma criança a nascer ou de uma pessoa a envelhecer. O dos namorados, a abraçarem-se, na rua. E dos que não o podem fazer, por medo que seja. Mas até esse se vê na timidez do sorriso ou no encosto de ombro envergonhado, ou naquele olhar tímido de quem despe a alma de outra pessoa. Há-de sempre me emocionar a entrega completa e o pai que abraça um filho, depois de uma vitória ou um fracasso. Hão-de provocar-me lágrimas os avós cansados que estragam os netos ou os netos que acompanham os avós ao médico. Hei-de chorar sempre quando o amor se cruzar comigo. Tentarei sorrir de volta, mesmo a chorar. As lágrimas lavam a alma e o amor também. Os sinais de amor nem sequer deviam ser os corações ou o vermelho, podiam ser lágrimas. A chuva é aquilo que mais se parece com o amor: é tímida ou feroz, é determinada ou frágil, alenta, mas também preocupa. A chuva, como o amor, aparece quando menos esperamos, estragando ou construindo planos. Às vezes também obriga a reordená-los e darmos um jeitinho à nossa vida na sua função. O amor é a coisa mais bonita do mundo a par das pessoas que amámos. Há dias que saio à rua à procura de amor e de um calorzinho de lareira no peito. Eu tenho um sonho e muitos projectos. Espero que o amor esteja sempre transversal a todos. Se não estiver, prometo que esteja. Até a promessa é um amor: o de termos compaixão pelo que nos rodeia por tão-só ser a nossa vida.
Luís Gonçalves Ferreira
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