Foste o para sempre mais próximo do qual já estive. Do irremediável sabor de nem ter medo da entrega, da paixão eterna, ou da falta de lucidez de partir para um mundo sem nada na algibeira. Achei que me alimentaria do teu amor, dele retiraria frutos, vantagens e um sustento espiritual pelo qual me escusaria a partilhar como mais ninguém. Auto-suficiência da tua luz. Lembro-me de acariciar e desejar continuar a fazê-lo, por mais longe dos tempos que estivesse. Ficar ali, sentado, até que as pregas dos olhos se juntassem às das maçãs do rosto e rugas da boca escorregassem nos contornos do queixo. Lembro-me de te querer tão ardentemente que sentia a pele descolar-se do músculo e o músculo dos ossos. O febril que era o meu corpo quando tocava o teu.
És como uma memória infantil presa num jardim onde rosas moram com espinhos. Sei do cheiro de ser eu contigo, mas já não sei do teu cheiro. Não é mais meu. Essa é a metamorfose do estar longe fisicamente: a fusão da história que, sozinha, a memória diz real.
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