Um tímido olhar que desce, camisa a baixo, quando penso na tua morte. É um silêncio perturbador que toma conta do meu luto, como o final de um enterro. Existe algo de muito familiar nestas lágrimas secas, nesta falta de tristeza e talvez nesta estúpida esperança de que alguma coisa mudasse. Mas não. Teres partido foi como teres morrido. Por mais que acredite em vida depois da morte, respeite as almas e as afeições, o meu lado analítico, lógico e crítico diz-me que morreste. Há noites em que acordo e parece que ainda há do teu perfume numa casa onde não tinhas estado. É estranho saber que a morte tem de absolutamente imenso quanto mágico: dá para tudo, desculpa tudo e responde a questões nenhumas como dá respostas a todas. Tal e qual a acreditar em deuses. O silêncio perturbador da morte transformou-se na felicidade de estar sozinho. Haverá revolta mais profunda do que essa?
Luís Gonçalves Ferreira
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