Avançar para o conteúdo principal

Júlia

É este o Pretérito Mais Que Perfeito que nos traz, hoje, aqui, a celebrar: Júlia. 

Conhecemos uma outra, há uns anos, e dela jamais esquecemos. Forte, determinada, líder nata, avó-coragem, mãe. Sobretudo, mãe. Deixou-nos da sua presença física mas ficou a sua voz, a estada, o carisma. Às vezes acho que ainda sinto o seu cheiro. Ela é vezes sem conta recordada. Nunca esquecida: uma funcionária que a diz, um cliente que a dita, uma conversa em família que a recorda. Nunca te vamos esquecer. E este não-esquecimento é a prova que a partilha e o amor são a tatuagem mais profunda que podemos rasgar no coração dos outros. É esta a mensagem que queríamos partilhar convosco.

Todos estes adjetivos, pronomes, substantivos, rimam contigo, Júlia. Agora para ti, Júlia-irmã, Júlia-filha, Júlia-amiga. És forte, determinada, líder-nata, irmã-coragem, e irás ser, tenho a certeza, mãe. Sobretudo, mãe. Como irmã mais velha que és, também soubeste ensinar-me coisas, disciplinar-me noutras, e apontar-me defeitos, tanto quantas as virtudes pelas quais os teus olhos brilham quando no silêncio sei que me escutas. Disseste-me quando estive certo, errado, e sei que estarás sempre na primeira fila dos meus e dos desafios da tua família. Estamos hoje, aqui, felizes, contigo, a ver-te. Da primeira fila. Deixa-me dizer-te que estás linda. Incrivelmente bonita, como só os teus olhos sabem estar. Não escrevi isto hoje, mas quando o escrevi já sabia que estarias linda. Por que os meus olhos não te veem de outra forma. A ti como à Daniela ou à Raquel. Ou como me ensinaram a ver a todos os membros da nossa família. É o orgulho desta família que queria deixar hoje aqui saliente. O meu orgulho em ti e a minha felicidade imensa de poder partilhar este dia contigo.

Obrigado pela irmã, pessoa e pela profissional que vi e verei seres. E a ti, Xavier, sê bem-vindo. Há sempre lugar para mais um nesta mesa em que nos sentamos, todos, desde sempre. É esse o legado que nos ensinaram e esse é o legado que levamos em diante: há sempre lugar para mais um. 

Resta-nos agradecer a Deus, pela graça que nos deu, e por nos deixar estar lúcidos para desta dádiva recordar. Que nos dê saúde, ânimo, confiança, e que a Ele saibamos sempre dar o que de melhor sabemos e podemos. Que não nos faltem as forças, e vós também, Júlia e Xavier, na vossa família nuclear que hoje conhece a luz. 

O Mistério da Vida tem curvas, obstáculos e desafios. Tudo que é nada quando uma nuvem de graça nos atravessa como neste momento. 

O Senhor é bom pastor e nada nos faltará. O Senhor é bom pastor e nada te faltará, Julinha. 

Obrigado, do fundo do coração.

Luís Gonçalves Ferreira
Lido na celebração do casamento da minha irmã, no dia 20 de Setembro de 2014

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Pensar mais do que sentir

Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

Por momentos  - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me acha...