Entretanto, ele decidiu desistir. Arrumou as armas, limpou os escudos, e as botas resistentes que tanto o acompanharam. Os livros de estratégia, as filosofias de cabeceira, os mapas gigantes que colocava na mesa, a casa cena de filme que montava. As ruas ficaram vazias, as estradas semelhantes, e até os olhos ficaram diferentes. Era talvez uma reforma: deixou de me ligar, de dizer que me queria bem, até de fazer projetos. O amor morreu quando arrumou a última espada na bainha.
Como as convicções políticas, o amor é uma batalha, um desafio, um dogma existencial do qual não se pode desistir. É preciso vendar os olhos e seguir os impulsos cardíacos. Gritar às tropas com o peito de um líder, sem tremer a voz, fazendo soar as trombetas, e marchar.
Seguir em frente.
O amor tem mapas, espadas, e é uma guerra. O amor é um sem-número de coisas, tantas quantas as histórias onde heróis e princesas são gente normal.
Arrumei a cota e a coifa. Pousei a espada. Do outro lado, as armas, que agora tombam as candeias da amargura, foram sangue. Somos tão-somente eternos nas quatro linhas que desenham a nossa sombra.
Luís Gonçalves Ferreira
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