E, desde então, iam-se morrendo constantemente. A cada traço que riscavam, às coincidências das quais se afastavam, e das palavras que jamais diziam. Sabiam que se amavam e negavam-no, porque a ferida rasgada é mais forte do que o poder de todas as coisas vividas. Eram, entre os dois, maiores do que as suas partes somadas. Chamaram-nos de amor, mas poderia ter sido outra coisa qualquer. Às vezes parecia uma guerra, outras um funeral, mas houve momentos em que a felicidade era tamanha e os gregos choravam, os romanos gritavam às tropas e os modernos - eclipses da ciência - renovavam os votos. Eram contemporâneos: intensos, do amor romântico; poetas lúcidos e confusos da nova ciência feita deus. Houve dias em que eram batalhas e outros autênticos estranhos em terraços paralelos.
Vão quatro anos e o aniversário deve ser por estes dias.
Amar levanta a pele, em todos os sentidos, mas não solda. Soldar-se faz-se sozinho. Ainda dói, aqui no peito, e tresanda a morte. Poder-se-ia chamar, afinal, eternidade.
Luís Gonçalves Ferreira
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