Na Praça de Alegria (RTP1), há pouco, discutia-se a igualdade de género. O painel de discussão era composto por dois homens (o apresentador e um convidado) e duas mulheres (a apresentadora e uma convidada). A conversa foi absolutamente monopolizada pelos homens e estes começavam quase sempre a responder primeiro do que elas. Enquanto isso, concluíam que as gerações mais novas, já "consciencializadas" em relação às disparidades de género no acesso ao emprego (por exemplo), sofreriam menos a discriminação - areia.
O problema, a meu ver, reside precisamente na desigualdade que acontece no silêncio, entre a argamassa que monta os tijolos; na mulher que deixa o homem falar primeiro; nas mulheres que não manifestam opinião política e deixam que os homens pensam por elas, intervindo em seu nome.
Não acredito que os homens não possam ser feministas (como a Mariana Mortágua), mas tenho uma crença profunda de que o processo de mudança tem que ser iniciado pelos discriminados. A sua voz é mais pura, mais conhecedora e poderá, realmente, fazer encontrar o outro desrespeitador na dimensão do seu desrespeito; comunicando, portanto. É a ferida da diferença que provoca a reação face à maioria que a renega.
Estaremos numa fase mais profunda da desigualdade das mulheres no acesso aos direitos económicos, sociais e políticos, onde o problema está de tal forma enraizado que é no machismo "internalizado" que reside o problema? Ou estaremos, finalmente, a enfrentar as estruturas da questão?
A resposta? Educação, educação, educação.
Luís Gonçalves Ferreira
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