Avançar para o conteúdo principal

Desigualdade das mulheres

Na Praça de Alegria (RTP1), há pouco, discutia-se a igualdade de género. O painel de discussão era composto por dois homens (o apresentador e um convidado) e duas mulheres (a apresentadora e uma convidada). A conversa foi absolutamente monopolizada pelos homens e estes começavam quase sempre a responder primeiro do que elas. Enquanto isso, concluíam que as gerações mais novas, já "consciencializadas" em relação às disparidades de género no acesso ao emprego (por exemplo), sofreriam menos a discriminação - areia. 
O problema, a meu ver, reside precisamente na desigualdade que acontece no silêncio, entre a argamassa que monta os tijolos; na mulher que deixa o homem falar primeiro; nas mulheres que não manifestam opinião política e deixam que os homens pensam por elas, intervindo em seu nome. Não acredito que os homens não possam ser feministas (como a Mariana Mortágua), mas tenho uma crença profunda de que o processo de mudança tem que ser iniciado pelos discriminados. A sua voz é mais pura, mais conhecedora e poderá, realmente, fazer encontrar o outro desrespeitador na dimensão do seu desrespeito; comunicando, portanto. É a ferida da diferença que provoca a reação face à maioria que a renega. 
Estaremos numa fase mais profunda da desigualdade das mulheres no acesso aos direitos económicos, sociais e políticos, onde o problema está de tal forma enraizado que é no machismo "internalizado" que reside o problema? Ou estaremos, finalmente, a enfrentar as estruturas da questão? A resposta? Educação, educação, educação.

Luís Gonçalves Ferreira 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Pensar mais do que sentir

Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

Por momentos  - loucos, é certo - esqueço-me de mim e sou capaz de amar. Amar sem parar, com direito às anulações, sofrimentos e despersonalizações que os amores parecem ter. Por momentos - curtos e fugazes - eu esqueço-me de mim e sou, inteiramente, completamente, antagonicamente teu. Entrego-me, como quem não espera um amor livre. Dou-me como quem sente que as minhas vísceras são as tuas entranhas. Abraço-te como quem encosta os corações, que outrora estavam frios, gelados e nus. Aproveita, meu amor, eu sou teu. Aproveita que estou louco e leva-me contigo, para sempre. Rapta-me o corpo, a mente e o descanso eterno deste insano coração. Corres, contudo, o sério risco de não me levares por inteiro. Prefiro trair o coração que a mente, amar a imagem do que viver intensamente a vida de outrem. Amor, querido e visceral amor, leva-me e mostra-me que existes. Não sei quantas horas tenho para cumprir esta promessa que fiz a mim mesmo. A memória irá voltar e corres risco de já não me acha...