Do alto do Miradouro da Boca do Inferno, na ilha de São Miguel, não resta absolutamente nada entre ti e o mundo: sobram os elementos da natureza e o silêncio sozinho da consciência. Dali do alto entendes os Açores e a sua orfandade oceânica; a Ilha dos Amores significa um paradoxo isolado no meio do mar; sítio onde se cultivam sonhos com o limite da linha do horizonte.
Sinto que demorei a pequena vida que tenho para ali chegar e sei que demorarei outro tanto para lá voltar. Chegou na altura certa e soube, como se fosse equação calculada, que conhecia os Açores antes de lá ter chegado, porque eu sou como os dias que os Açores me ofereceram. Os deuses brincam com as estações do ano nos Açores como jogam com as nossas vidas.
O alto do Miradouro da Boca do Inferno resume audácia dos açoreanos, a sua clarividência resistente, o seu isolamento necessário e uma especial estranheza ao que lhes chega de fora. Nós, continentais, apesar de sermos portugueses como eles, vimos "de fora", como me disse a senhora que faz queijos todos os dias de manhã para vender aos estranhos que lhe entram pela porta. Tenho a certeza que, aos olhos da senhora que faz queijos todos os dias, não há nada mais bonito no mundo do que as Furnas e a São Miguel onde vive. É justo e, mais do que isso, verdadeiro.
Confesso-vos que não sei se existe sítio no mundo mais bonito do que São Miguel, porque me falta muito mundo para ver, mas sei-vos dizer que a ilha que vi, mesmo que de forma resumida e apressada, é certamente o sítio mais bonito onde os meus olhos pousaram. Esperei vinte e sete anos para conhecer a chuva, a água quente, as piscinas naturais, a florestação exótica e húmida e a imensidão de verde dos Açores. Esperarei outro tanto para lá voltar e conhecer a Terceira, as Flores ou o Pico ou uma das outras oito ilhas que me faltam. Esperarei o tempo que for necessário para rever paisagens naturais incapturáveis por lentes tecnológicas.
O que existe nos Açores é apenas sensível pela presença física. Ali entendi que tudo o que fotografamos é uma mentira; ou melhor, que a fotografia é um resumo tímido e mitificado da verdade perante a realidade que os sentimos eternizam à memória.
Há Açores dentro de mim. Agora mais do que nunca.
Sinto que demorei a pequena vida que tenho para ali chegar e sei que demorarei outro tanto para lá voltar. Chegou na altura certa e soube, como se fosse equação calculada, que conhecia os Açores antes de lá ter chegado, porque eu sou como os dias que os Açores me ofereceram. Os deuses brincam com as estações do ano nos Açores como jogam com as nossas vidas.
O alto do Miradouro da Boca do Inferno resume audácia dos açoreanos, a sua clarividência resistente, o seu isolamento necessário e uma especial estranheza ao que lhes chega de fora. Nós, continentais, apesar de sermos portugueses como eles, vimos "de fora", como me disse a senhora que faz queijos todos os dias de manhã para vender aos estranhos que lhe entram pela porta. Tenho a certeza que, aos olhos da senhora que faz queijos todos os dias, não há nada mais bonito no mundo do que as Furnas e a São Miguel onde vive. É justo e, mais do que isso, verdadeiro.
Confesso-vos que não sei se existe sítio no mundo mais bonito do que São Miguel, porque me falta muito mundo para ver, mas sei-vos dizer que a ilha que vi, mesmo que de forma resumida e apressada, é certamente o sítio mais bonito onde os meus olhos pousaram. Esperei vinte e sete anos para conhecer a chuva, a água quente, as piscinas naturais, a florestação exótica e húmida e a imensidão de verde dos Açores. Esperarei outro tanto para lá voltar e conhecer a Terceira, as Flores ou o Pico ou uma das outras oito ilhas que me faltam. Esperarei o tempo que for necessário para rever paisagens naturais incapturáveis por lentes tecnológicas.
O que existe nos Açores é apenas sensível pela presença física. Ali entendi que tudo o que fotografamos é uma mentira; ou melhor, que a fotografia é um resumo tímido e mitificado da verdade perante a realidade que os sentimos eternizam à memória.
Há Açores dentro de mim. Agora mais do que nunca.
Luís Gonçalves Ferreira
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