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solitude

Relembro as nossas fotografias; os eventos a que fomos juntos; as coisas que nos dissemos; as promessas que fizemos. Relembro-nos nos recantos que construímos e em todas as coisas que estão nos mesmos locais, após todo este tempo de meia-estação. Escrevo-te perante o silêncio que ecoa no regresso...
Mudei em todos os entretantos que surgiram; em todas as negações que provoquei; em todas as provocações que evitei. O discurso do equilíbrio, da temperança e do amor universal encontram-se nesta letargia que sinto, agora que esse tumor que é a saudade se fez gente dentro de mim.
São alguns minutos de solitude por dia que, como chuva de verão, secam corações insatisfeitos.
Era mais novo e escrevia sobre auto-diálise. Somos, por entre o infinito, os nossos medos. Sou os meus medos: restam dúvidas, as mesmas certezas e umas tantas barreiras invisíveis. 
 
Luís Gonçalves Ferreira
17 de julho de 2017

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Pensar mais do que sentir

Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

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