Ignorantes, decidimos em cima do joelho que queríamos fazer a Rota do Românico. Entre os vales, optámos pelo do Sousa. Combinámos e seguimos em direção ao primeiro destino: Pombeiro, muito perto de Felgueiras. Um monumento encravado num vale, perdido no tempo, como os beneditinos tanto gostavam: muito fresco, cheio de verde, apesar dos demónios que a terra tem visto. Começamos logo a rezar: o claustro, a igreja e as pedras - tudo que rima com ruínas, à boa maneira desta querela universal entre a razão e deus, cujas invasões dos franceses e o liberalismo rasgaram na nossa memória coletiva. Certamente, foi por isso que os regrantes tanto rezaram: pecados que foram os seus ricos anéis e pesadas mitras; hoje, na imensidão, o Pombeiro está entregue a um curioso segurança que toca Yann Tiersen num órgão ibérico. Ainda agora, perdido na desilusão de tantas igrejas fechadas, é nele que esbarram as minhas emoções. Não avisou nada para além de que sabia pouco de passado, que era um curioso: a humildade é de génios. Sabia muito mais que nós, na verdade; cheios de galões.
O que resta de Pombeiro está, para além da mudez das pedras, no segurança que, sozinho, aprendeu a tocar no órgão ibérico. Não sei o que levou o nosso ilustre a guiar-nos daquela forma, mas gostava de lhe agradecer. Faço-o assim: com o que sei fazer melhor, conforme merece. Que o sol poente daquela rosácea continue a orientá-lo; Pombeiro guardará mais segredos para além de todas as cicatrizes que vimos.
O que resta de Pombeiro está, para além da mudez das pedras, no segurança que, sozinho, aprendeu a tocar no órgão ibérico. Não sei o que levou o nosso ilustre a guiar-nos daquela forma, mas gostava de lhe agradecer. Faço-o assim: com o que sei fazer melhor, conforme merece. Que o sol poente daquela rosácea continue a orientá-lo; Pombeiro guardará mais segredos para além de todas as cicatrizes que vimos.
Luís Gonçalves Ferreira
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