O natal é um tempo em que as faltas regressam vindas do fim do mundo como cavalos negros cheios de ganas para vencer a corrida. Hoje, em Vila do Conde, as lágrimas descontroladas da saudade de alguém fizeram-me lembrar dos natais tão difíceis que passamos, em família, após a partida da minha avó; como do momento, há um par de anos, em que um embrulho destapou o rosto saudoso gravado a carvão e todos nos acantonamos, chorando cada um por si, no sítio mais escondido quanto possível: como animais morrendo longe dos perigos.
O natal é como dióspiro por amadurecer, mas não foi sempre assim... alturas houve, quando o corpo estava menos maduro e o coração sem estes calos, que era só luz branca; talvez seja a saudade e a falta o principal sentido da união familiar e, assim, do próprio natal conforme o entendemos; como o menino pequenino tão longe como tão perto dos braços quentes da mãe.
Luís Gonçalves Ferreira
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