Gostava de vos escrever observações muito pertinentes sobre o que estou a ver em Roma, mas não consigo. A cidade gera um vazio; uma espécie de nostalgia, de silêncio... um apagão emotivo.
Quando cheguei à Galleria Borghese e vi que tinha à minha espera uma Mostra Bernini (que termina em fevereiro de 2018) mal podia acreditar... Cada Caravaggio que vejo é um murro no estômago... A Dafne linda, deslumbrante, fugitiva ou aquele sítio onde o Hermafrodito dorme; como é possível dar vida a tecido e botões em mármore? Como? Os frescos do Gesú e o baldaquino de São Pedro do Vaticano... Roma é um compósito, um arame farpado, uma espécie de síntese onde várias das minhas últimas dúvidas esbatem no segundo em que se enrolam em si mesmas.
Perguntei-me onde estaria a República nesta renovação de heranças históricas, coabitando com o Império, o Papado e a Monarquia nacional. Creio saber uma resposta que vou ver confirmar amanhã; vi-a do autocarro, quando regressava da Fontana di Trevi. Itália faz tanto sentido nesta falta de sentido, porque isto que vejo não é senão uma imagem capital de algo muito maior que as partes.
Roma é um compósito e tem estratos; é uma apagão e é uma intensidade. É... nostálgica e só; em cacos.
Luís Gonçalves Ferreira
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