Nas ruas do Porto, em tardes de calor, sente-se o bafo frio das casas velhas. É como se, pelos vidros partidos das portas com buracos, um gigante desse do seu respirar poderoso para aliviar o peso da urbe. Não é coisa que se note na primeira ou segunda jornada; é preciso cruzar algumas casas velhas para sentir a sua respiração. Na Rua do Galdim Pais, em Braga, resta pouco do cheiro a casa antiga. As casas dos centros históricos têm um aroma característico, algures entre o cheiro da madeira antiga e o suor de naftalina. Ao passar pelas ruas do Porto ou de Braga, devoradas pelo turismo, apercebemo-nos que o cheiro e o bafo das cidades são realidades históricas. A renovação dos prédios velhos adia o suor e o bafo das casas... Talvez seja este o sentido das crises e a forma como os sítios guardam a memória das pessoas. É também este o significado da renovação e da passagem das estruturas; o sentido dos desafios dos séculos e das explicações sensitivas através das palavras.
Entre tantos sentidos e significados, as casas continuarão a ter cheiros e frios; mesmo que com menos tempo e mais seres inumanos.
Luís Gonçalves Ferreira
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