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Questões da polis

A classe política - seja isso o que for - queixa-se da abstenção, mas devia lamentar a campanha vergonhosa que proporcionou aos portugueses. Nunca se discutiu sobre a Europa; falou-se sobre os umbigos egocêntricos dos caciques do costume. Uma Direita à deriva e uma Esquerda presa nas suas demagogias e divisões. Para que os portugueses percebam a União Europeia, é necessário que quem dela faz profissão demonstre que domina os dossiês das instituições que efetivamente decidem legislando sobre as nossas vidas. Existe de algo de muito errado nisto tudo e uma participação de 30% é um muito que não é democracia. 
Os políticos não são geração espontânea e esta mediocridade equivale à forma mediana como, individualmente e em comunidade, vemos a cidadania. Uma das formas de tirania é a ausência de limites; nos grandes e nos pequenos púlpitos. Não falar é não querer saber e é deixar, vazio, o contrato que nos governa.

26 de maio de 2019
Luís Gonçalves Ferreira

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Tenho saudades de ser pequeno, livre e inocente. Sinto falta da irresponsabilidade de ser cândido e não saber nada sobre nada. Estou nostálgico em relação ao Luís que já existiu, foi, mas que não voltará a ver-se como se viu. Este corpo e alma que agora me compõem são reflexos profundos da minha história. O jeito de sorrir, abraçar e beijar reflectem os sorrisos, abraços e beijos que fui recebendo. Sinto falta do Luís que só sabia dizer mamã e Deus da má'jude . Sinto a ausência das pessoas que partiram e que naquele tempo estavam presentes. Sinto saudade de só gostar da mãe e de mais ninguém. Sinto saudades de sentir mais do que pensar. É um anseio que bate, mas nada resolve, porque apenas cansa a alma. A ausência corrói a alma e o espírito. É nestas alturas que penso que a Saudade e o fado são as maiores dores de alma que consigo ter. Provavelmente, sou mesmo um epicurista. Luís Gonçalves Ferreira

Sem parágrafos

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