Mais do que todo o espetáculo fotográfico, o seu colorido ou as polémicas acerca da administração do catolicismo, o filme "Two Popes" parece-me um ensaio filosófico sobre a diversidade de tudo aquilo a que, de forma simplista, chamámos de igreja. A narrativa fala sobre as complexidades da relação do humano com Deus, os seus defeitos congénitos pela mediação natural da razão e do entendimento, a construção filosófica e dogmática da crença no metafísico; é uma conversa entre a Europa e as periferias e a pressão que o "outro" exerce, mundo moderno, sobre o universalismo eurocêntrico, branco e autoritário. A missão da Igreja de hoje, aberta ao mundo pela mensagem ecuménica de Jesus, é a de aceitar as vozes que, numa primeira reação, parecem reagir-lhe com repulsa. "Two popes" é mais que uma conversa de gerações entre o velho e o novo contado em rugas. É sobre outro tipo de tempo, de velocidades diferentes e feito de contextos. Os contextos e as histórias das pessoas que o catolicismo sintetiza nos seus 2000 anos de existência; de um tempo que passa diferente ante o progresso, a decadência, a pobreza e a riqueza. Tempo que é diferente na Argentina, na Alemanha, no Vaticano ou em Castelgandolfo. A diversidade é mais bonita que as sedas e mais significante que o luxo aparente de uma obra de arte materializada para ser cativante.
Luís Gonçalves Ferreira
Escrito em 27 de dezembro de 2019
Ainda não vi este, mas a brilhante série com título parecido :-) Espreita: https://www.imdb.com/title/tt7157248/
ResponderEliminarOlá, Catarina. Conheço a série, mas o filme tem muito mais profundidade e é mais bonito. Aconselho-te a vê-lo! :)
Eliminar