Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos. Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Era a criança de há quantos anos. Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
O Carnaval e as máscaras. O primeiro abusa das segundas. As segundas deixam-se abusar por aqueles que algo querem tapar. A identidade permanece, momentaneamente, oculta por debaixo de algo que envergonha os traços, o rosto e as marcas íntimas (mas visíveis) de uma qualquer personalidade circunscrita a um público diminuto.
Não gosto de "Carnaval", porque não me revejo neste espírito de parvalheira generalizada. Não me revejo num Carnaval trespassado a papel vegetal de uma nação irmã qualquer.
Gosto do Carnaval sinónimo de alegria, felicidade e vontade de sorrir para a vida. Gosto do Carnaval despudorado, ritualista e pouco sacralizado. O Carnaval da sátira. Um Carnaval que trás ao de cima tudo aquilo que todos deveriam ser.
O Gozo e o Escárnio foram e são muito portugueses. O medo também o é. O segundo abafa largamente as primeiras qualidades. A máscara faz, entre estes dias, toda a diferença nesta promíscua relação.
Ao Homem pede-se que seja alegre e que sorria para a vida. Mas também que se tape, envergonhe o seu próprio "eu", corte as unhas, lave o corpo, seja simpático e conveniente. Entre estas duas valências encontra-se um Homem modificado, multifacetado, mas que se mantém susceptível ao seu redor. Entre estas duas valências se encontra o típico Homem de sucesso. Entre a eficiência a modernidade e a astúcia social.
Entre máscaras se talha cada Carnaval. O meu Carnaval, o teu Carnaval e o Carnaval que é a vida. Entre máscaras se desenvolve o que somos, o que pensamos e os que os outros acham de nós.
As máscaras descansam todos e qualquer um. A máscara é o términus da linha, significa aquilo que somos e substancialmente aquilo que um dia fomos. Depô-la, voltar à candura e ao ser que já não somos, é apagar uma linha talhada e colorida a gosto e a cores próprias. É também redescoberta e um profundo exercício de surpresas e sustos.
Entre todos os Carnavais que hoje vi, sobressai a clara alegria de viver. Todos sorrimos uns para os outros, todos amámos aquele que encontramos pela frente.
Que significado terá o sorriso que nos desaperta a maior vontade de sorrir?
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira
Não gosto de "Carnaval", porque não me revejo neste espírito de parvalheira generalizada. Não me revejo num Carnaval trespassado a papel vegetal de uma nação irmã qualquer.
Gosto do Carnaval sinónimo de alegria, felicidade e vontade de sorrir para a vida. Gosto do Carnaval despudorado, ritualista e pouco sacralizado. O Carnaval da sátira. Um Carnaval que trás ao de cima tudo aquilo que todos deveriam ser.
O Gozo e o Escárnio foram e são muito portugueses. O medo também o é. O segundo abafa largamente as primeiras qualidades. A máscara faz, entre estes dias, toda a diferença nesta promíscua relação.
Ao Homem pede-se que seja alegre e que sorria para a vida. Mas também que se tape, envergonhe o seu próprio "eu", corte as unhas, lave o corpo, seja simpático e conveniente. Entre estas duas valências encontra-se um Homem modificado, multifacetado, mas que se mantém susceptível ao seu redor. Entre estas duas valências se encontra o típico Homem de sucesso. Entre a eficiência a modernidade e a astúcia social.
Entre máscaras se talha cada Carnaval. O meu Carnaval, o teu Carnaval e o Carnaval que é a vida. Entre máscaras se desenvolve o que somos, o que pensamos e os que os outros acham de nós.
As máscaras descansam todos e qualquer um. A máscara é o términus da linha, significa aquilo que somos e substancialmente aquilo que um dia fomos. Depô-la, voltar à candura e ao ser que já não somos, é apagar uma linha talhada e colorida a gosto e a cores próprias. É também redescoberta e um profundo exercício de surpresas e sustos.
Entre todos os Carnavais que hoje vi, sobressai a clara alegria de viver. Todos sorrimos uns para os outros, todos amámos aquele que encontramos pela frente.
Que significado terá o sorriso que nos desaperta a maior vontade de sorrir?
Sem mais,
Luís Gonçalves Ferreira
Eu gosto do Carnaval!
ResponderEliminarNão dos Carnavais que se fazem por aí, mas do meu Carnaval!
Daquele que passei este ano e que te contarei pormenores depois...
Da alegria, da folia, da magia da época.
Enfim, gosto da alegria :D
beijinho
Oix
ResponderEliminarConcordo com a tua definição de carnaval. também é desse carnaval que gosto.
E possamos ser felizes...
Hugs
Eu cá gosto é de festa, de amigos, de música, do riso, dos laços.
ResponderEliminarVenham eles a propósito do Carnaval ou de outra coisa qualquer. E se for preciso umas máscaras (das de tecido e de tinta, não das de todos os dias), venham elas!!
;)
Beijo!