Chegamos ao cais, olhamos o placard informativo: contavam uns minutos. Não sabíamos quando nos veríamos a próxima vez. E isso era cansativo. Talvez nunca mais. Talvez mais nenhuma hora seria marcada no relógio, para nós. Eram horas que não tenho memória. Levantei-te a mão, despedi-me com um beijo, no teu coração. Partiste. Passaram-se tempos e ia à estação, dia após dia, recuperar o cheiro que as paredes me faziam recordar. Era como se te voltasse a ver de todas as vezes que não te via. Hoje sinto que é finalmente o momento de despedida. E tudo, absolutamente tudo, foi como tinha de ter sido. E o destino, esse Carnaval sem data, pregou-nos uma partida. Teriam acabado os ingressos? Pensei que sim, durante as perguntas esperançosas que fazia a mim mesmo. Hoje percebo que, durante todo este tempo, estive virado para a linha errada. Milhares de maravilhas poder-me-ão ter cruzado as costas. Tomei a decisão de não mais voltar, mas confesso que ainda dói saber que a estação existe. E prova...