Não há dores maiores e dores menores ou dores mais difíceis de ultrapassar que outras: há dores, apenas. E a humildade imensa de existir é saber disso e respeitar a dor dos outros a partir dessa consciência. Há umas dores por morte de parentes, outras por mortes de amantes, outras mais por mortes de coisas, objectos, ou de animais. Há dores. E a dor dói porque com materializações enterramos sentimentos, imagens e, acima de tudo, expectativas. E acabar com elas - ao integrar na cabeça que não são mais possíveis - é dos processos de auto-destruição e de auto-conquista mais complexos que existem. O luto é um termo difícil de se lidar, porque tendemos a negá-lo. Ou porque transformamos sopros em terramotos ou vemos esperança onde ela não existe. E o ser humano, essa resistente meta-potência física, faz tudo isto para resistir coerente. No fundo, sabemos, enquanto seres emocionais, que são os sentimentos a nossa fragilidade, mas também são a nossa resistência e razão fundamental. Há...